Búfalos no Ceará

Há 25 anos, Nelson Prado decidiu seguir o conselho do primo, Otávio Bernardes. Foi então que trocou a criação de bois e vacas pela criação de búfalos. Hoje, o empresário se orgulha da prosperidade da Fazenda Laguna, empreendimento localizado em Paracuru, no Litoral Oeste do Ceará, que se dedica à criação e à seleção de búfalas leiteiras da raça Murrah e abriga a Queijaria Laguna. Esta, por sua vez, produz itens lácteos frescos e sem conservantes. “Não é uma pesquisa, uma experiência. É uma coisa real que estamos fazendo desde 1992 e tornou-se referência até fora do Brasil”, conta o fundador do negócio.

Nelson Prado ressalta que uma das vantagens do búfalo é o fato de se adaptar muito bem às condições cearenses. De acordo com o filho dele, Nelson Filho, atual gestor do laticínio Laguna, alguns dos mitos superados quanto à criação de búfalo no Ceará, ainda mais em uma região praiana, foram de ser animal bravo, exótico, rompedor de cercas e de necessitar viver em áreas alagadas. Nelson Filho diz que os bubalinos são dóceis, longevos, prolíferos e rústicos.

Ele acrescenta que a carne dessa espécie é de excelente qualidade e que o leite conserva características peculiares. Conforme atesta a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), em comparação com o leite de vaca, o leite de búfala tem baixo teor de colesterol (33% menos), 59% mais cálcio e 11% mais proteína. Além de alto percentual de matéria seca, o que proporciona maior rendimento na produção dos derivados lácteos.
A empresa também produz e comercializa sêmen, reprodutores e matrizes bubalinas de reconhecido potencial leiteiro, animais que emprestam seu valor genético para o melhoramento de plantéis no Norte, no Nordeste e no Sudeste. Daí a atenção à genética ser fundamental neste negócio. A Fazenda Laguna tem até um software próprio que permite acompanhar a produção pelo rendimento que ela lhe dá. Dessa forma, o cruzamento é programado para evitar a consanguinidade, complementa Nelson Prado.

Evolução

Formado em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Nelson Filho fala de seu início na empresa. “Quando comecei, não existia um negócio. O trabalho com a queijaria teve início comigo ainda no colegial, vendendo queijo na própria escola. Minha meta foi sempre buscar um crescimento sustentável da empresa seguindo a dinâmica e as necessidades do mercado”, pontua.

O gestor comenta que, ao longo desses 25 anos, a Fazenda Laguna superou desafios e, por meio da convivência com a espécie, a equipe foi acumulando conhecimentos e registrando eventos de importância econômica que possibilitaram aprimoramento constante no manejo alimentar, sanitário e reprodutivo do plantel. “Isso nos permite confirmar que a bubalinocultura leiteira é mais uma opção economicamente viável para nossa pecuária”, defende.

Dessa forma, o empreendimento possibilitou a geração de 70 empregos formais nas áreas de pecuária e laticínio. Em Fortaleza, funciona atualmente o departamento comercial e, na fazenda, em Paracuru, a pecuária e o laticínio Laguna. A fazenda ocupa uma área de 205 hectares, chegando a produzir, em média, mil litros de leite de búfala por dia, 12 mil quilos de derivados lácteos de leite bubalino por mês e 40 mil quilos de derivados lácteos a partir do leite bovino, sendo este adquirido de terceiros.

A queijaria conta com a assistência do professor de Engenharia de Alimentos Antônio Cláudio Guimarães. O rebanho fica sob os cuidados do médico veterinário Antônio Nogueira Magalhães, responsável pelo controle sanitário e reprodutivo dos animais. Os produtos lácteos, elaborados tanto com leite bubalino de produção própria, quanto com leite bovino, são comercializados em todo o Ceará. E ainda tem planos de expansão. “Sempre mais qualitativa do que quantitativa”, revela Nelson Filho.

Dentro dessa expansão, os produtos lançados mais recentemente pela marca são o queijo coalho com ervas finas, o queijo coalho defumado, o queijo minas padrão e o queijo prato. O gestor do laticínio informa que os queijos zero lactose virão em breve. Aos leitores que estão começando a empreender, ele deixa uma dica de ouro: “o búfalo é mais uma opção pecuária que pode apresentar resultados satisfatórios ao empreendedor que se dispuser a conhecer e trabalhar com a espécie, aplicando técnicas de manejo e gestão por resultado”.

REGRA DE OURO

Aos leitores que estão começando a empreender, Nelson Filho deixa uma dica de ouro: “o búfalo é mais uma opção pecuária que pode apresentar resultados satisfatórios ao empreendedor que se dispuser a conhecer e trabalhar com a espécie, aplicando técnicas de manejo e gestão por resultado”.

Curiosidades

• Cerca de 7% de todo o leite consumido no mundo é de búfalas.
• A verdadeira mussarela italiana é feita exclusivamente com leite de búfala, havendo referências de sua produção naquele país desde os tempos bíblicos.
• Na Índia, segundo país mais populoso do mundo, com apenas 30% da população de bovídeos, os búfalos produzem 70% de todo o leite consumido.
• O leite de búfala é mais doce, mais nutritivo e com menor teor de colesterol que o leite bovino.
• O leite de búfala contém mais proteínas e maior teor de vitaminas A, D e B2 (riboflavina) que o leite bovino.

fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/voce-empreendedor/online/bufalos-no-ceara-1.1794255